Algumas pessoas têm um medo profundo da Sexta-Feira Santa e do Sábado Santo. Têm medo do Cristo Crucificado e Sepultado. Elas se sentem profundamente aflitas com esses momentos, e sentem a necessidade de falar logo da Ressurreição. Sentem a necessidade de se livrar do pesar da Cruz, do peso do luto, que sempre iluminou e inspirou a espiritualidade dos cristãos.
Não é de hoje. Poucos foram os discípulos aos pés do Crucificado.
Em alguns casos, o motivo é que elas veem a Paixão e Morte como algo que Cristo passou no lugar delas, e não com elas e por elas. É algo de que Deus as livrou — Deus nos livrou de si mesmo, dizem —, então não veem sentido em abraçar e participar do sofrimento de Cristo. Não entendem que devemos, sim, beber do amargo cálice da Paixão. Isso empobrece a vida de discípulo, que é carregar a Cruz com Jesus. Com Jesus! Com Jesus.
Amaldiçoar o Crucificado dos nossos corações é negligenciar nossa própria santificação. É o gérmen de uma espiritualidade burguesa e amante da comodidade, e que vê Deus como provedor da nossa comodidade. São Paulo ensina, com todo o Novo Testamento: preciso participar dos seus sofrimentos para participar da sua Ressureição. A fraqueza leva ao maior poder. Por isso aprendemos durante toda a Quaresma: o amor da comodidade é um grande engano. O deserto nos prepara para a Paixão.
Assim como o Crucificado venceu o Pecado, o Sepultado levou o Evangelho até a profundidade do Cativeiro humano, espoliando o forte pela força maior da sua Graça.
Mas é sofrer com Jesus na Sexta e no Sábado o que prepara o nosso coração para a alegria do Domingo de Páscoa, para a exultação do Senhor Triunfante que rompeu os grilhões da morte e aniquilou a força do Inimigo. Hoje não é dia de luto, mas de alegria, de júbilo, de cânticos alegres nos céus e na terra.
Não tenham medo da Sexta-Feira e do Sábado, da Paixão e do Sepultamento. Deus não é o Inimigo. Ele é o teu Libertador. Ele te faz vencer o medo. Aleluia!
Rev. Gyordano M. Brasilino