
Eu não sei como isso aconteceu, mas, entre os evangélicos, existe essa ideia de que a missão da Igreja na terra é definida a partir da Grande Comissão (Mt 28:19–20). Isso me cheira fortemente à propaganda (necessária) do movimento missionário do século 19.
Esse provavelmente é o texto favorito de quem quer definir a missão da Igreja em termos de ensino e pregação — diminuindo a importância de outras dimensões como adoração, arte, misericórdia e taumaturgia. O texto é importante, e deve ser obedecido, mas ele justifica essa restrição?
Não há nada em Mt 28 indicando que ali haja uma definição completa da missão da Igreja. Outros textos, ainda sobre a Ressurreição de Cristo, insinuam uma concepção maior: ao dizer “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (Jo 20:21), a missão da Igreja é vista como continuação da de Cristo, portanto continuação de tudo o que ele fez, inclusive exorcizar os possessos e alimentar os famintos.
Creio que o melhor texto bíblico para indicar essa missão é 1Pe 2:5: “…sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.“
Ao falar em sacrifícios espirituais como o propósito da casa espiritual (a Igreja), duas dimensões são unidas: a adoração e o serviço, e nelas nós encontramos a totalidade daquilo que a Igreja é chamada a ser e fazer no mundo. E isso quanto a toda a Comunhão dos Santos.
Rev. Gyordano M. Brasilino